É preciso ter sangue frio. Ser calculista e, acima de tudo, não se deixar abalar por sentimentalismos inúteis. As emoções não devem existir; pena, compaixão, arrependimento. A única coisa que se permite sentir pela vítima é desprezo. Talvez um prazer insano durante o ato, típico daqueles que estão acostumados a tirar vidas.
É o que sinto agora, enquanto corto cada parte de seu corpo, separando os pedaços, retalhando. É mais interessante quando é violento, sangrento. Você agoniza, mas não morre. Ainda. A lâmina afiada torna a investir contra o seu corpo, repetidamente, com força, com insistência. Minha expressão continua impassível, mesmo quando cravo os dentes na pele, estraçalhando a carne. O sangue continua a jorrar e espalha-se pelo chão, manchando tudo em volta com um curioso tom de vermelho-berrante.
Um sorriso amargo surge em meu rosto. Sei que está morrendo. Quero que esteja; preciso que esteja. Apesar disso, sinto ainda o pulsar da vida dentro do corpo frágil. Cerro os dentes. Não sei mais o que fazer.
Matar você em mim tem sido uma tortura. Juro que dói mais em mim que em você.
"You know she's a little bit dangerous"
Autora: Marina
Disponível em http://do-fundo-do-mar.blogspot.com/2010/12/relato-de-um-assassino.html
Nem no auge daquilo que eu estava sentindo ou sinto saberia me expressar com tamanha precisão como a autora deste texto, fantástico
ResponderExcluirNossa, agora que eu fui ver o post.
ResponderExcluirBeijos.