Não há como assistir os noticiários e se mantêr impune a comoção gerada pela tragédia que assola a região Sudeste do País.
Mesmo estando aqui na porção norte e tendo que acompanhar tudo pelas telinhas, é quase humanamente impossível não deixar se tocar pela onda de desespero que estão passando os moradores daquelas áreas atingidas.
Pais que ficaram sem filhos, filhos que ficaram sem pais, famílias inteiras que se foram, amigos, vizinhos, parentes...
Histórias de uma vida inteira que se perderam em meio aos destroços.
Aqueles que conseguiram ao menos ficar com suas vidas, ainda conseguem agradecer por tal feito. Mesmo sabendo que a partir deste incidente terão de recomeçar a vida do zero, do nada.
A canção do poeta faz o fundo musical da nova vida destes, “Caminhando contra o vento sem lenço e sem documento, eu vou...”
E a gente fica aqui do outro lado tentando acreditar que tudo isso está acontecendo aqui no nosso país.
Mas sempre vem aquele velho papo de observar “o lado bom das coisas ruins.”
Eu fico a me perguntar se é possível que alguém que esteja acompanhando os acontecimentos no Rio, ainda tenha coragem de reclamar quando tiver que comer a comida de ontem que está na geladeira.
Ou que vai xingar os céus quando se molhar com aquela chuvinha fina de fim de tarde.
Ou que vai culpar Deus por não ter a vida “boa” que gostaria de ter.
Não há como não deixar se tocar por tudo o que nós brasileiros estamos presenciando, mesmo que de tão distante.
Nem a mais fria das criaturas...
Contudo, tem gente que só consegue ver aquilo que lhe está diante dos olhos.
Eu ouvi alguém dizer: -“É o fim dos tempos, este mundo está perdido mesmo.”
Os fatos mostram muito mais do que revelam as imagens da tragédia.
Casas, pessoas, e cidades destruídas me fizeram acreditar que o ser humano não é tão cruel como muitas vezes parece ser...
Ao contrário, me fizeram ver que o individualismo que a cada dia se torna mais expressivo em nossa sociedade não foi capaz de destruir o sentimento de solidariedade.
Eu vi no meio daqueles destroços, pessoas que deixaram suas casas para estar ali naquele lugar ajudando aqueles que tanto precisam de ajuda.
Eu vi uma senhora que foi salva por seus vizinhos sendo puxada por uma corda.
Vi a história de um pai que foi capaz de suportar horas soterrado, abraçado ao filho ainda recém-nascido para protegê-lo.
Vi uma criança que sem entender exatamente o que acontecia, sorria.
Vi alimentos e roupas chegarem de todas as partes do país.
Vi Também uma jornalista que deixou o profissionalismo de lado quando não mais pode se contêr diante de tanto desespero, e chorou diante das câmeras.
Vi vizinhos e/ou desconhecidos abrigando pessoas em suas casas...
E tenho absoluta certeza de que aqueles que conseguiram sobreviver a tragédia, jamais entenderão a vida da mesma forma que antes do acontecido.
Não é necessário que aconteçam tragédias como estas para que possamos perceber o quão frágil é a vida. Que este corpo de carne e osso não é nada a não o ser o que já foi dito.
Mas que apesar de tudo devemos ser gratos pelo pouco ou pelo muito que temos.
E que estar vivo pode ser a maior benção de todas.
Agora só nos resta torcer e pedir aos céus, a Deus, ou a seja lá o quê que tu acreditas em favor daquelas famílias. Que elas encontrem paz e força para recomeçar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário