Depois de um reveillon maravilhoso chegou a hora de voltar para a dura realidade...
Bem, mas difícil do que escolher jornalismo para tentar no vestibular, foi decidir se continuo ou não seguindo esta carreira. Suspeito que está tenha sido a decisão mais difícil de minha vida, até agora.
Sei que isto pode causar espanto para algumas pessoas, mas o fato é que já faz um tempo que venho tentando lutar contra uma voz que a cada dia vem crescendo dentro de mim que me diz que estou indo contras as minhas vontades.
Sempre pensei em ser jornalista. Na verdade, descobri que o que me aproximou do jornalismo foi o fato de eu gostar de escrever, a possibilidade de crescer como Ser humano através de uma análise crítica da sociedade, a filosofia e a sociologia, a possibilidade de me tornar uma intelectual, a possibilidade de escrever bem, as decorrentes viagens pelo mundo (hohoho, sonhou!), e o lado social que deveria existir, mas que pouco é exercido na área. Ahhh! e futilidade muuuuita futilidade, olha.
Fora o poder simbólico que a profissão carrega, do tipo:
- Ooooh você faz jornalismo? Que bacana!
Hahahaha, não sei o que se passa na cabeça desse povo. É até engraçado, as pessoas sempre dizem: “Hum...Qualquer dia desses vou te ver apresentando o jornal nacional.”
Hahaha, não é bem assim não gente...
Então que entrei na faculdade de jornalismo e de cara me apaixonei pelo curso. Achei tudo lindo e maravilhoso. E de fato, é uma linda profissão para aqueles que se dedicam e amam.
Mas depois de um tempo, logo no meu primeiro semestre me peguei desanimada com o curso.
Não sei bem o que gerou tal descontentamento a ponto de eu não conseguir me entregar de corpo e alma ao curso.E isso é de se estranhar, olha. Hehe (in off!)
Ainda pouco eu estava lendo um texto que postei aqui no blog falando sobre uma experiência que tive com uma professora que me fez por um certo período voltar a sonhar com a vida de jornalista. Eu acreditei gente, eu realmente acreditei que o jornalismo era a grande paixão da minha vida. Mas hoje descobri que não é, não mais...
Comecei a justificar meu descontentamento com o curso na falta de recursos da universidade pública, na pouca remuneração dos jornalistas, no desinteresse dos professores, entre outras milhões de coisas. Tudo o quanto pudesse retirar esta culpa de mim.
Eu comecei a me desagradar com tudo. Não estudava mais, a não ser quando tinha trabalhos ou provas. Comecei a ficar muito, muito decepcionada comigo. E isso afetou outras áreas da minha vida também.
Tinha dias que eu acordava e pensava: “Caraca, vou me levantar as 5:00h para ter tal aula?”
Gente, isso tá muito errado. Eu deveria estar feliz por isso não ??
Nem quando eu estava no cursinho pré-vestibular isto acontecia. Oh vida sofrida a do vestibulando heim? rs
Percebi logo que havia algo de errado, e de fato havia. Só que eu comecei a justificar este meu desinteresse na minha falta de dedicação. Eu pensei que eu não estava gostando porque não estava me dedicando como deveria.
Prometi que no segundo semestre tudo seria diferente. Que agora sim eu iria estudar.
O plano era me dedicar total ao meu curso. Pois bem, o segundo semestre também não foi diferente. Eu até consegui tirar lá meu excelente em algumas disciplinas mas... Continuava não me sentindo bem.
Quando minhas aulas terminaram dei graças a Deus, pois eu não agüentava mais diagramar jornal. Para aqueles que não conhecem o termo, diagramar é editar o jornal, toda a produção gráfica. Fiquei imaginando como seria minha vida dentro de uma redação depois de formada, se na faculdade eu já me sentia altamente estressada imagine quando eu estiver trabalhando.
E pensei que não é essa vida que eu quero pra mim, não quero viver uma vida de estresse.
Outra coisa que me desagradava bastante era escrever. Que loucura heim?
Pensei que eu iria adorar esta parte do meu curso. Afinal, este foi um dos motivos que me fizeram entrar para o jornalismo. Mas, tenho odiado.
EU (que fique bem claro), entendo o texto jornalístico como uma receita de bolo.
Você pode até ter um pouquinho mais de criatividade aqui ou acolá, mas não me atraí este tipo de escrita ou leitura, é mecânico.
E bem, eu demorei tanto tempo para me revelar na minha escrita, a me expressar. Para enfim, passar o resto da minha vida escrevendo com um limite mínimo de caracteres com todos os cuidados possíveis para não cometer um erro gramatical. Mais cuidado ainda para não escrever nada que possa ofender fulano ou ciclano... jogo de interesses.
Eu gosto de escrever porque isto me faz bem, me dá prazer. E acho que fazer disto uma obrigação não seria muito bom pra mim. Entende?
Tá, o bom do jornalismo é que se você não gosta de uma coisa você pode recorrer a outras. Pensei em telejornal, mas depois cai na real. Se você não é bonita e se não tem um bom QI(Quem indique) esqueça. (hahaha) Nada pessimista heim? Bem...
O rádio não me atrai...
Fora o fator financeiro que pesa e muuuito. É claro, não vou negar.
Meus pais tem investido muito em mim, eu devo, me sinto obrigada a dar um retorno pra eles. Embora, eu pense que eles não se importem muito com isso. Contudo, me sentiria muito infeliz se não conseguisse isto.
Tem gente que diz que professor ganha mal e é verdade. Mas nêgo, jornalista tá muito ferrado, recém-formado então...ulálláhh
Pensei então que depois de formada faria um concurso público para algum desses órgãos do governo (TRE, TJE, TRT...)onde pagam um pouquinho melhor, o suficiente para se ter uma vida traquila.
Mas de uns tempos pra cá venho pensando:
“Cara, vou passar 4 anos(no mínimo) da minha estudando para depois virar assessor de imprensa?”
Bem, nada contra os assessores, mas poxa, não foi por isso que entrei para o jornalismo. Eu queria ir para campo, ser repórter. Estar no meio do tiroteio, do fogo cruzado. Eu fantasiei! (uahsuahsuash)
Outra saída era me tornar professora ou pesquisadora, como muitos de meus amigos pretendem. Afinal, é a melhor opção que a universidade em relação ao meu curso oferece. Contudo, não me dá tesão pensar que vou passar uns 10 anos da minha estudando(e muito) para ganhar um salário, sem querer ofender, mixaria que ganha um professor de universidade. Injustamente, é claro.
Eu tiro minhas conclusões a partir de meus professores. São pessoas sem sombra de dúvidas super inteligentes, contudo, a maioria já passou seus 10, 15, 20 anos ralando nos jornais da vida para no final das contas se tornarem professor de universidade. E pior, coincidência ou não a maioria deles sofre de depressão. Se eles são felizes vivendo assim eu não sei. Mas acho que eu não seria feliz.
A única coisa que me agradou neste curso foi “a fotografia.” Mas bem, quem vive de fotografia neste país? Apenas aqueles artistas super talentosos, para mim isto é um dom. Que a propósito não é meu caso. Eu apenas admiro a arte, só isso.
E fora, o fato de que eu não vejo mais os jornalistas de hoje comparados com os de antigamente. São realidades muito distantes.
Fazer jornalismo hoje é poesia, sabe?
É pra quem tem muuita paixão pelo trabalho.
Sabe aquela velha história dos adolescentes apaixonados que não tinham um tostão furado, mas que em nome do amor decidiram se casar e foram morar embaixo da ponte?
Não dá pra saber se realmente eles foram realmente felizes...
É mais ou menos assim a situação. O futuro do jornalista é incerto. E embora, a vida seja repleta de incertezas, eu odeio incertezas. Hoje procuro estar o mais próximo possível da minha realidade. Contudo, isto não me impede de sonhar...
Eu parto do princípio de que se você tem paixão por aquilo que faz, se você se dedica, se acredita, nada impedirá o teu sucesso profissional. No jornalismo não é diferente, o reconhecimento vem da mesma forma. Mesmo que estejamos falando de um mercado muito sucateado de profissionais para uma quantidade pequena de oportunidades. Ainda mais quando você está em uma universidade pública, onde falta de tudo um pouco. Eu me perguntava que tipo de profissional eu seria depois que estivesse formada?
Não dá para tentar fazer comparações, cada caso é um caso no jornalismo. Que varia desde a faculdade onde você estuda até a sua capacidade profissional de fato.
Tenho plena consciência do meu potencial. E tenho certeza que dali daquela faculdade vão sair bons profissionais.
É necessário uma dedicação a mais, um empenho em dobro para estar entre os melhores. Como em toda profissão.
No meu caso, além de empenho, um estresse a mais, e isso na verdade é o que me preocupa.
Estou numa fase muito boa da minha vida, onde estou procurando me desfazer de tudo aquilo que não me faz bem...
Infelizmente, acho que o jornalismo é um destes elementos.
Eu pensava que eu iria mudar o mundo quando entrasse para o jornalismo. Aquariana, sacomé né? hehe
Tinha a ilusão de que o jornalista de hoje é o mesmo de antigamente. Não é. Mas vou nem entrar no mérito de discutir isso...
Bem, descobri que não preciso ser jornalista só porque gosto de escrever, porque quero aprender a fazer uma análise crítica da sociedade, porque gosto de filosofia e sociologia, fotografia, enfim...
Ao contrário, acho que seu eu continuasse seguindo esta carreira eu não ia ter tempo para estas coisas, porque jornalista trabalha 24h por dia.
Não preciso ter que encarar a vida dura de um jornalista por causa destas coisas. Eu posso fazer outras coisas na minha vida que não me impedirão de continuar gostando de tudo isso.
Acho que eu vou ajudar muito mais as pessoas, a sociedade, procurando viver uma vida saudável e a partir daí, do meu exemplo de vida ajudar os outros.
Eu preciso cuidar primeiro de mim para depois cuidar dos outros, entende?
Pode parecer uma atitude um pouco egoísta esta minha, mas na verdade acho que isto se chama “amor próprio”.
Eu descobri que minha vida pode ser muito melhor, muito boa mesmo se eu começar a retirar dela tudo aquilo que não é saudável para minha saúde física e mental.
Eu seria o ser humano mais infeliz do mundo, sem medo de errar, se no futuro eu percebesse que o tempo havia passado e que minha vida continuou no mesmo lugar. Em todos os sentidos.
Eu sinto hoje uma necessidade tremenda de cuidar da pessoa que eu sou. Eu também estaria arriscando minha vida, minha saúde mental, continuando a fazer algo que não me atrai mais.
As paixões mudam gente, as pessoas mudam, as vontades mudam, as crenças mudam, tudo muda. E eu sinceramente não tenho medo de mudanças.
Eu até suportaria tudo isso que falei do jornalismo se ainda fosse apaixonada pelo curso. Mas não sou mais. Saturou, como nos relacionamentos. (rs)
E olha, nada de bom nesta vida é feito sem paixão. E tenho dito!
Não sei se estaria sendo covarde decidindo sair do meu curso ou se continuando nele. Se bem, que até para ser covarde é preciso ter coragem, só pelo fato de ter que decidir não fazer nada.
Não sei se um dia vou me arrepender por isto, mas sinto que não...
Por isso, estou chutando o balde, quebrando o pau da barraca, abandonando o navio, rasgando o véu da viúva. Kkkkkkkk (e eu ainda acho isso engraçado? ¬¬)
Contudo, vou continuar admirando a coragem e determinação daqueles que decidiram fazer desta sua profissão.
Vou também sentir falta do suco de abacaxi com hortelã que tomava todos os dias na universidade. Das minhas voltas lá pela beira do rio, muito relaxante.
Vai ser um aprendizado que vou levar pro resto da vida o tempo que passei ali. Certeza!
As amizades que lá construi quero levar comigo pra sempre. Agradeço aos professores que me fizeram enxergar o mundo de uma outra forma... Mas é só.
Minha vida vai seguir por um outro caminho agora.
Vou começar do zero, de novo. E isto me deixa muito empolgada.
Agora to deixando o tempo rolar e colocar as coisas nos seus devidos lugares. E se tudo der certo e eu tenho FÉ que vai dar, Te conto!
Se não der certo viro hippie. Êêhhh to brincando! Hahahaha (sem graça)
Bjin,
Sucesso pra você também!
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Ninguém pode voltar atrás e fazer um novo começo. Mas qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim. (Chico Xavier)
p.s provávelmente passarei a escrever com menos frequância por conta da minha nova rotina (escrota, rs) de estudos. Mas sempre que puder passo aqui para dizer como estou me saindo. Bjo
Amiga,ânimo agora para o seu novo ritmo de vida/estudo...Acredito muito no seu potencial.Estou torcendo por você.A palavra agora,é: DEDICAÇÃO.
ResponderExcluirCerteza!
ResponderExcluirtô disposta e acreditando que tudo vai dar certo. E é isto o que importa.
Obg!
Sentirei saudades de você. Mas você está tomando a decisão certa: a de ser corajosa. Mas manda notícias de vez em quando ok? rsrsrs Seja feliz.
ResponderExcluirAinnn, odeio despedidas!
ResponderExcluirObg, pela força Jajá.
Vou sentir muuuitas saudades de vc, daquele lugar, pessoas, enfim...
Eu juro que vou sempre aparecer por lá.
bjoO
Realmente é uma decisão difícil, Karol. Afinal, o q está em jogo é o seu destino, os seus sonhos, a sua felicidade. Mas com certeza vc não foi covarde, ao contrário, teve uma coragem invejável. Estou torcendo por vc e pela sua nova jornada (só não vale esquecer dos coleguinhas de jornal ^^)
ResponderExcluir=*
Esquecer? Não, não! Never!
ResponderExcluirObrigada pela força, é legal ver que estou sendo compreendida.
Ahh, vcs estão intimados a me convidadar para a formatura heim?
hehehe
=*